quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

SONO E SONHOS

Há vários estados em que o espírito encarnado pode desfrutar de emancipação parcial em relação ao corpo. O sono é um deles, assim como o desdobramento, o transe (sonambúlico ou mediúnico), o êxtase.

O Sono
É um fenômeno fisiológico pelo qual o corpo entra em repouso para recomposição física.
Nele se dá uma suspensão da vida ativa e de relação, o que possibilita se afrouxem os laços fluídicos que prendem o espírito à matéria.
Estando lassos os cordões fluídicos, o espírito pode afastar-se do corpo adormecido e:
- recuperar suas faculdades espirituais (cuja ação a influência da matéria impedia ou limitava);
- reconhecer-se como ser imortal e ver com clareza a finalidade de sua existência atual;
- lembrar-se do passado (inclusive vidas anteriores) e antever ou deduzir acontecimentos que se estão encaminhando para acontecer.
Observação: A amplitude ou não dessas possibilidades é relativa ao grau de evolução do espírito.

Sono e morte
O sono parece um pouco com a morte (desencarnação). Só que, nesta, o desligamento dos laços fluídicos é total, enquanto que, no sono, a emancipação é parcial.
No sono, os cordões fluídicos, mesmo lassos, continuam a possibilitar perfeita comunicação com o corpo; se for necessário o pronto retorno, o espírito tomará imediato conhecimento e regressará incontinente.

Vivência do espírito durante o sono
O espírito nunca está inativo. O sono, que repousa o corpo, é para o espírito, oportunidade de entrar em relação com o mundo espiritual, a fim de haurir orientação, conforto e forças para prosseguir com acerto em sua jornada terrena.
Emancipando-se parcialmente do corpo, cada espírito vai agir segundo seu estado evolutivo. Assim, varia a vivência do espírito durante o sono.
Inferiores – Presos que estão por interesses egoístas, materialistas, pouco se afastam do corpo ou do ambiente terreno; dão expansão aos seus instintos e tendências inferiores, junto aos espíritos com os quais se afinam.
Benévolos ou evoluídos – Vão a ambientes espirituais elevados, onde se instruem e trabalham, junto a entidades superiores, e reencontram amigos e parentes desencarnados.
Não somente com os desencarnados podemos nos relacionar espiritualmente, enquanto o corpo dorme.
Também podemos visitar criaturas encarnadas e com elas convivermos, de maneira superior ou inferior, conforme sejam o grau de evolução, propósitos e anseios, nossos e delas.

O sonho
Há sonhos que são apenas um processo fisio-psíquico e outros que são sonhos espíritas.
No primeiro caso, o sonho:
- retrata condições orgânicas (perturbações circulatórias, digestivas, ruídos ambientes, calor, frio etc.). Às vezes, ajudam a detectar enfermidades de que conscientemente não nos apercebemos;
- ou revela criações mentais nossas (subconsciente), com base no que houver afetado a nossa mente na vigília (pensamentos, impressões, anseios, temores etc.). Podem ajudar a interpretar nosso mundo psíquico.
Já o Sonho Espírita é o resultado da vivência do espírito no mundo espiritual, enquanto o corpo dormia; é a lembrança do que ele viu, sentiu ou fez a emancipação parcial.
Às vezes, nada lembramos dessa vivência espiritual, porque durante ela o cérebro físico não foi utilizado e depois, no retorno ao corpo, a matéria deste, pesada e grosseira, também não permitiu o registro das impressões trazidas pelo espírito.
Outras vezes lembramos apenas a impressão do que nosso espírito experimentou à saída ou no retorno ao corpo. Se essas lembranças se misturarem aos problemas fisio-psíquicos, tornam-se confusas, incoerentes.
Quando necessário, os bons espíritos atuam de modo especial sobre nós para que, ao acordar, lembremos algo de maior importância tratado no mundo espiritual. Mesmo que não lembremos tudo perfeitamente, do que foi vivido durante o sono do corpo, ficará uma intuição, que nos sugere idéias, ações.
Os espíritos maus também podem fazer o mesmo se, pelo nosso modo de viver, tivermos concedido a eles essa ascendência sobre nós.

Importância do sono e o preparo para ele
O fato de passarmos um terço de nossa existência dormindo (8 das 24 horas do dia) indica a importância:
Do sono físico: ensejando repouso orgânico, liberação de toxinas etc.
Do sonho: para o equilíbrio:
- psíquico (pessoas impedidas de sonhar sofrem perturbações graves);
- espiritual ( a vivência espiritual que desfrutamos enquanto o corpo dorme é como hora de visitas ou de tomar sol no pátio para o detento numa prisão).
Façamos, pois, um preparo para o nosso repouso diário:
- orgânico (refeições leves, higiene, silêncio etc.);
- mental (leituras, conversas, filmes, atividades comedidas, não afligentes ou desgastantes);
- espiritual (leitura edificante, meditação, serenidade, perdão, prece).
Assim, nosso corpo e mente repousarão, adequadamente e, em espírito, teremos melhor oportunidade de alcançarmos a convivência com os espíritos bons e amigos.


Livros consultados:
De Allan Kardec:
- “O Livro dos Espíritos”, perguntas 400-418;
- “Obras Póstumas”, 1ª parte, Manifestações dos Espíritos, prg 4º.
De Leon Denis:
- “No Invisível”, cap. XIII, 2ª parte.


Extraído do Livro Iniciação ao Espiritismo.