domingo, 26 de abril de 2009

"De Graça Recebestes, de Graça Dai"

A mediunidade é uma faculdade concedida por Deus às criaturas, que nada pagam por ela.
Por isso, quando desenvolveu a mediunidade no seus discípulos e os mandou trabalharem com ela em favor da humanidade, Jesus lhes disse: "De graça recebestes, de graça dai". (Mt.10).
O Mestre não somente recomendou o exercício gratuito da mediunidade, Ele o exemplificou, nada cobrando dos discípulos pelo desenvolvimento mediúnico que neles promoveu e jamais cobrando nada de ninguém por qualquer das obras espirituais que realizou, inclusive as curas.
E, ao expulsar os vendilhões do Templo de Jerusalém, deu enérgica demonstração de que não se deve comerciar com as coisas espirituais, nem torná-las objeto de especulação ou meio de vida.

Porque o exercício da Mediunidade não deve ser cobrado.
O trabalho que fazemos na vida terrena é com o corpo ou com o intelecto e a paga que recebemos por ele se destina à nossa sobreviência corpórea, ao atendimento das nossas necessidades materiais. Como cada qual tem sua capacidade ou aptidão, todos podem trabalhar e ganhar o seu pão de cada dia ( com exceção das crianças, dos idosos, dos muito deficientes ou enfermos).
O trabalho com a mediunidade é uam situação muito diferente.
Trata-se de uma faculdade que:
-enseja um trabalho que é espiritual e só se realiza com o concurso dos espíritos desencarnados;
-tem por finalidade fazer o intercâmbio entre o plano material e o espiritual, promovendo o esclarecimento, a ajuda mútua e a fraternidade entre os encarnados e os desencarnados;
-precisa estar ao alcence de todos os seres humanos em geral mas só pode ser exercida por médiuns, que são minoria na Humanidade.
Se a mediunidade for comercializada ou profissionalizada, eis o que poderá acontecer:
1) Os pobres poderão ter dificultado ou impedido o acesso ao esclarecimento, conforto e ajuda espiritual.
"Deus quer que a luz chegue a todos; não quer que o mais pobre dela fique privado e possa dizer: não tenho fé, porque não a pude pagar; não tive o consolo de receber encorajamentos e os testemunhos de afeição dos que pranteio, porque sou pobre."
2) O médium estará recebendo a paga pelo trabalho dos espíritos, o que é imoral.
No transe mediúnico, somos intermediários mas os espíritos é que falam, escrevem, ensinam, produzem fenômenos. Como vender o que não se originou de nossas idéias, pesquisas ou qualquer outra espécie de trabalho pessoal?
Como receber pelo trabalho dos espíritos uma paga em coisas materiais, que só a nós beneficia e não a eles?
No caso de serem espíritos familiares e amigos, não nos repugna expô-los para, com isso, lucrar alguma coisa material?
3) Teremos de assegurar resultados, mas não o podemos fazer, pois, amediunidade é uma faculdade fugidia, instável, com a qual ninguém pode contar com certeza, já que não funciona sem o concurso dos espíritos. Ora, os espíritos, quando bons, não se prestam ao comércio mediúnico, pois não irão concorrer para a cupidez e ambição do seu intermediário; e, quando maus, também não gostam de ser explorados e nem sempre querem atuar. "Explorar a mediunidade é, portanto, dispor de uam coisa de que realmente não se é dono. Afirmar o contrário é enganar a quem paga".
4) Atrairá para junto do médium espíritos inferiores.
Como os bons espíritos não se prestam a esse comércio e se afastam, os que ficam junto do médium mercenário são espíritos levianos, pseudos sábios ou até malévolos mas, no mínimo, ignorantes.
O médium que vende seu trabalho mediúnico expõe-se à influência dos espíritos inferiores, dos quais se fez comparsa e cúmplice, e com isso compromete sua situação espiritual, presente e futura.
5) Lançaremos descrédito sobre a mediunidade.
Quando nos fazemos pagar pelo exercício mediúnico, acarretamos descrédito sobre nós mesmos e para o intercâmbio espiritual. Isto traz grave prejuízo para o progresso moral da humanidade, pois, desacreditando da manifestação mediúnica, a humanidade perde sua fonte de informações, conforto e ajuda espritual.
"A mediunidade séria nunca pode constituir uma profissão, isso a desacredita moralmente". Esse tráfico, degenerado em abuso, explorado pelo charlatanismo, a ignorância e a credulidade dos supersticiosos foi o que levou Moisés a proibi-la. O Espiritismo, compreendendo a feição honesta do fenômeno, elevou a mediunidade ao grau de missão".
Observemos que "paga" não é somente o dinheiro mas tudo aquilo que represente remuneração, lucro, vantagem, interesse puramente pessoal, satisfação da vaidade e do orgulho.
Quando um médium da seu tempo ao público, dizendo que o faz no interesse da causa espírita ma snão pode dá-lo de graça, perguntamos com Kardec:
"Mas será no interesse da causa ou no seu próprio que o dá? E não será porque ele entreve aí uma ocupação lucrativa? Por este preço, encontram-se sempre pessoas devotadas. Porventura haverá somente este trabalho à sua disposição?
"Quem não tiver com que viver, procure recurso fora da mediunidade. Se quiser, consagre-lhe materialmente o tempo disponível. Os espíritos levarão em conta o seu devotamento e sacrifício, ao passo que se afastam de quem dela faça escabelo.
"À parte estas considerações morais. não contestamos de modo nenhum que possa haver médiuns interesseiros honrados e conscienciosos, porque há pessoas honestas em todas as profissões; mas se convirá, pelos motivos que expusemos, que o abuso tem mais razão de estar com os méduins pagos do que junto àqueles que, olhando sua faculdade como um favor, não a empregam senão para prestar serviços gratuitamente".
Kardec está com a razão. E podemos aduzir que a gratuidade dos serviços no meio espírita tem assegurado o afastamento das pessoas interesseiras e mal intencionadas. O desprendimento e o desinteresse exigidos valem, pois, como um dispositivo de segurança para o movimento espírita.

A remuneração espiritual
Todo o bem que fazemos, porém, sempre tem sua recompensa espiritual. Afirmou Jesus que "digno é o trabalhador do seu salário". E a lei de ação e reação sempre dá às criaturas segundo as suas obras.
Assim, o médium que exerce sua faculdade como Jesus recomenda, sem interesses materiais ou egoístas, não deixará de receber um natural salário espiritual, pois conseguira consequências felizes como estas:
-pagar sua dívidas espirituais anteriores pelo bem que ensejar com seu trabalho mediúnico, e adquirir méritos para novas realizações;
-acelerar o próprio progresso, pelo desenvolvimento que lhe ven do exercício de sua faculdade e do conhecimento que adquire sobre a vida imortal;
-convívio com bons espíritos e a proteção deles, em virtude da tarefa redentora a que se vincula.



Livros consultados:
De Allan Kardec:
-"O Evangelho Segundo o ESpiritismo", cap XXVI;
- "O Livro dos Médiuns", 2ª parte, cap. XXVIII e XXXI, item X.

sábado, 4 de abril de 2009

A CRIAÇÃO


Como se deu a formação do Universo e como começou a vida na Terra?
O ser humano ainda não tem condições para conhecer inteiramente o princípio das coisas, porque não está suficientemente desenvolvido intelectual e moralmente para isso. À medida que progredir, com seus estudos e pesquisas irá descobrindo e entendendo melhor as leis e princípios da Natureza, conseguindo formular teorias mais próximas da verdade a respeito da formação do Universo e do surgimento dos seres. Além das descobertas que fizer por si mesma, a Humanidade também poderá receber revelações espirituais a esse respeito (como já ocorreu no passado), dosadas ao seu grau de evolução. Assim, aos poucos, irá sendo levantado o véu que, por enquanto, nos encobre os mistérios da Criação, a grande obra da vontade divina.
O que a Ciência diz?
A ciência humana não cogitta de um Deus Criador e, portanto não considera o Universo uma Criação Divina. Seu ponto de vista é materialista e agnóstico (declara ser o absoluto inacessível ao espírito humano), mas procura entender o princípio das coisas, através de diferentes estudos, tais como:
-Astronomia: estudo da constituição e movimento dos astros;
-Geologia: estudo da constituição física da Terra;
-Antropologia: estudo do homem e dos grupos humanos;
-Paleontologia: estudo dos fósseis (restos ou vestígios de vida bem antiga), tanto de animais como de vegetais. Neste estudo, recorre a métodos de pesquisa que permitem calcular, com relativa precisão, o tempo de existência de coisas e seres. Ex.: radioatividade, magnetismo, microquímica, raios X, ultra-violetas, infra-vermelhos, testes de carbono 14 e de fluor.
Eis algumas das principais conclusões da Ciência sobre a formação do Universo e a vida existente na Terra:
-o Universo teria resultado de uma grande explosão (é a teoria do Big-Bang, uma das mais aceitas atualmente); -a formação da Terra se iniciou há bilhões de anos, emprocessos que se estenderam por largos períodos e eras;
-a vida se manifestou na Terra em formas primárias e em épocas muito remotas, evoluindo, depois, para seres mais organizados;
-a espécie humana foi a última a surgir, o que teria ocorrido:
Quando? Suas formas mais primitivas, há pelo menos 1.750.000 anos.
Como? Um ramo da linhagem dos antropomorfos apresentou evolução diferente, dando origem ao "homo sapiens".
Por que? A ciência não tem explicação para isso. Haveria um "elo perdido" na escala da evolução dos seres.
Onde? Em vários pontos do globo e em épocas diferentes, mas constituindo sempre uma mesma espécie, embora a diversidade das raças.
O que diz o Espiritismo?
Dois são os elementos gerais do Universo, criados por Deus:
-o Princípio Inteligente: é dele que se originam, por processo evolutivo, todos os seres espirituais;
-o Fluído Cósmico Universal: é a matéria primitiva, em seu estado mais elementar; em suas modificações e transformações, dá origem à inumerável variedade dos corpos da Natureza. O espaço universal é infinito e nele não existe o vazio, pois está todo preenchido pelo fluido cósmico universal em seus diferentes estados. O espírito atua sobre o fluido cósmico universal em seus diferentes estados, produzindo com isso variados efeitos.
Os mundos e os seres vivos
Os mundos são formados pela condensação da matéria disseminada no espaço universal. Não sabemos quanto tempo os mundos levam para se formarem nem quando desaparecerão. Mas é certo que Deus os renova, como renova os seres vivos. Os elementos orgânicos (que vem a constituir organismos vivos) já existem em estado de fluido, na substância que preenche o espaço universal (e com o qual os mundos vem a ser formados). Estão ali em estado latente, de inércia (tal como ocorre na crisálida e nas sementes das plantas). Quando, num mundo, as condições se tornam propícias ao seu desenvolvimento, surgem, então, os seres vivos, que evoluem das formas mais simples para as mais complexas.
Origem e Evolução da vida na Terra
Em certa fase da formação da Terra surgiram em sua substância elementos orgânicos. Mas uma froça natural os mantinha afastados. Com as transformações ocorridas no planeta, em seu princípio, cessou a atuação daquela força e os elementos orgânicos se agruparam e desenvovleram, dando origem aos seres, que foram se diferenciando em espécies. Os seres de cada espécie absorveram em si mesmos elementos necessários e, unindo-se uns aos outros, pela reprodução trasmitiram esses elementos aos seus descendentes. Sobre a evolução diferente que um ramo da linhagem dos antropomorfos apresentou e a Ciência não soube explicar, o Espiritismo esclarece: o "elo perdido" não sera encontrado na matéria, porque a causa dessa transformação não se deu na matéria mas no espírito (alcançado pelo próprio indivíduo ou graças à interferência de ESpíritos Superiores) vindo a repercurtir na formação de novos corpos.
E a criação segundo a Bíblia?
Na Bíblia, a origem do Universo é ralatada no livro "Gênesis" (=origem, em grego). Ali se afirma que tudo foi criado por Deus, tanto o sol como a lua, estrelas,a Terra com suas plantas e animais e, por fim, a espécie humana. Que essa criação foi feita por um ato da vontade de Deus ( ex.: "Faça-se a luz") e em apenas seis dias. Que Adão, o 1º homem, foi feito do limo e Eva, a mulher, de uma costela. A data provável dessa criação teria sido 4000 anos antes de Cristo. Desse casal descenderia toda a humanidade. Talvez haja, nessa narrativa bíblica, um simbolismo:
-6 dias
= eras ou períodos; -limo = corpo humano foi constituído dos elementos materiais deste planeta;
- costela = mulher é da mesma natureza do homem, não lhe é inferior, mas sua igual e o homem deve amá-la como parte de si mesmo.
Se não entendermos simbolicamente, haverá incoerências difíceis de aceitar, tais como: 1) Adão e Eva eram os primeiros seres humanos e tinham dois filhos: Caim e Abel (outros filhos somente nasceriam mais tarde); quando Caim matou Abel, foi expulso do Éden (Paraíso), indo morar ao leste. Mas Caim: -tinha medo de ser morto ("quem comigo se encontrar me matará"); por quem, se não havia outras pessoas além deles?; -nessa outra região, veio a se carsar, com quem?; -e estava construindo uma cidade; para quem? só para ele e sua família?
2) Narra-se também, no livro "Gênesis"da Biblia, que houve um dilúvio que exterminou todas as criaturas da Terra, menos Noé e sua família (e os animais da Arca), com o que teria recomeçado o povoamento do mundo. Se fosse verdade, como explicar a existência histórica ininterrupta dos chineses, desde há cerca de 30 mil anos? E também a Índia e outras regiões do globo que apresentam habitação ininterrupta, em grande progresso e população, há mais de 10 mil anos? Deve ter sido, quando muito um dilúvio parcial, apenas na região habitada pelos hebreus e outros povos bíblicos. Adão porém, não foi o primeiro nem o único homem a povoar a Terra, concordam a Ciência e o Espiritismo.
Do ponto de vista espírita, o nome Adão pode ser símbolo:

1) - de um grupo humano que sobreviveu aos grandes cataclismos sofridos por parte da superfície do globo, em diferentes regiões e que veio a constituir o tronco de um adas raças que povoaram a Terra;
2) ou de uma ou mais colônias de espíritos que, há alguns milhares de anos, teriam vindo de outro planeta para a Terra, aqui encarnando através de outros povos que já a habitavam. Teriam aproveitado a hereditariedade existente, mas produzido alterações por seus perispíritos mais evoluídos, dando origem a novos tipos físicos ( raça ou raças adâmicas). Que eram mais evoluídos, seus conhecimentos e atos provam. Teriam sido banidos do mundo melhor de onde vieram, porque lá não se haviam disposto a acompanhar o progresso moral. Aqui na Terra, ao mesmo tempo em que se reajustavam à lei divina, ajudavam os nativos terrenos a progredirem.
O Espiritismo é:
1) Criacionista: admite um Deus Criador e o separa da sua Criação. Neste ponto: -concorda com a Bíblia e discorda da Ciência, cujo ponto de vista é materialista e agnóstico; -discorda do Panteísmo, sistema filosófico que identifica a divindade com o mundo e segundo o qual Deus é o conjunto de tudo.
2) Evolucionista: admite as transformações progressivas. Neste ponto: -discorda da Bíblia (se tomada ao pé da letra) porque nela não fica bem claro o fato evolução; -concorda com a Ciência apenas em parte; porque a Ciência fala somente da evolução nos seres corpóreos e o Espiritismo afirma a evolução também para os espíritos que animam esse seres.

Livros consultados:
De Allan Kardec:
- "A Gênese", caps. I, II e VI a XII;
- "O LIvro dos Espíritos", caps. II, III e IV.
De Léon Denis:
- "Cristianismo e Espiritismo", NOtas Complementares nº 1.