sábado, 17 de janeiro de 2009

ARGUMENTANDO SOBRE A REENCARNAÇÃO


I – Argumentos filosóficos

Sem a reencarnação, cada pessoa que nasce seria um espírito novo, criado por Deus para, numa única existência terrena, alcançar a perfeição e a felicidade espiritual, indo gozar para sempre o céu, ou, em caso contrário penar eternamente no inferno. Nesse caso:
- por que não somos hoje como os homens das cavernas?
Nosso progresso significaria que, ao longo dos séculos, Deus se aperfeiçoou na arte de criar? E seria justo os criados por último estarem gozando de melhores condições de corpo e de meio ambiente que
e os primitivos?;
- por que uns nascem saudáveis e outros enfermos? Uns inteligentes e outros débeis mentais? Uns ricos e outros miseráveis? Não sendo iguais as situações de vida, como exigir que todos alcancem os mesmos resultados?;
- quem mesmo se aplicando muito, consegue numa só vida a perfeição ( o desenvolvimento de todas as suas potencialidades e o pleno conhecimento do mundo material e espiritual) e a felicidade (por saber usar de tudo com acerto e equilíbrio, retirando os melhores efeitos?) A obra de Deus ficaria incompleta ou condenada para sempre? Não tem Ele poder para completa-la ou dirigi-la? Ou já nos criou sabendo disso, que não conseguiríamos a perfeição nessa vida única?
Então, não seria bondoso.
Com a reencarnação que se conjuga à ideia de evolução, temos conclusões inteiramente outras:
1) Deus é justo. Cria todos os seres iguais e a todos da as mesmas oportunidades.
As diferenças entre indivíduos explicam-se pelo grau de evolução em que cada ser se encontra. Uns viveram mais e por isso ostentam maior desenvolvimento intelectual e moral. Outros ou não aproveitaram bem as oportunidades de progresso ou ainda não tiveram muitas existências, por isso se apresentam em menor evolução. Diferentes são as dificuldades e problemas enfrentados pelas pessoas, porque cada qual tem uma necessidade diferente de experiências para o seu progresso atual. Mas não há acaso ou injustiça divina, nem mesmo nas diferenças devidas à:
a) Hereditariedade: dependem da ligação que o espírito tenha com a família em que renasce e das condições que tenha em seu perispírito para aproveitar, sofrer ou superar os fatores hereditários.
b) Meio ambiente: se o espírito renasce nesse meio é porque tem ligações com ele ou precisa das experiências que ele enseja, para valer-se das boas influências e superar as más.
2) Deus é bondoso. Nunca nos condena e, embora cada um receba segundo suas obras, todos terão tantas oportunidades quantas necessárias para resgatarem seus erros e evoluírem.
3) Deus é poderoso. Criou-nos para a perfeição e a felicidade e seu desígnio se cumprirá, pois todos nós as alcançaremos, através das vidas sucessivas.

II – Argumentos científicos

Conquanto em todos os lugares e povos, e em todos os tempos, haja evidências sobre a reencarnação, ainda não podemos dizer que ela esteja comprovada, segundo os atuais cânones da Ciência, que tudo reporta ao plano da matéria e precisa que os fenômenos se repitam de uma forma que possa provocar e controlar para então observá-los, entendê-los e explicá-los.
A reencarnação, porém, é um processo que transcende a vida física (embora parte dela se de no mundo material). E é, também, um processo de vida que não está nas mãos do homem fazer parar ou repetir, para observa-lo.
Porém pesquisas modernas vêm dando uma abertura neste campo e já se tem conseguido dados significativos a respeito, através de:
a) Lembranças espontâneas.
Há pessoas que, conscientemente ou em sonhos, se lembram de algumas de suas existências passadas.
O Dr. Banerjee, da Índia, e o Dr Yan Stevenson escreveu “20 casos que sugerem Reencarnação”.
b) Regressão da memória pela hipnose.
Hipnotizada, a pessoa passa a lembrar e relatar seu passado nesta encarnação e, em certos casos, chega a recordar uma ou mais existências anteriores, descrevendo fatos, acontecimentos dessas encarnações passadas. Livros tem sido escritos a respeito dessas pesquisas, como o da psicóloga americana Helen Wanbach, intitulado “Life Before Life”.
Mais recentemente, surgiu nos EUA, uma técnica psicológica, lançada pelo Dr. MOrris Netherton, para a regressão da memória a vivências passadas ( desta ou de outras encarnações) feita em estado de lucidez ( não é por hipnose) e com finalidade terapêutica. É a Terapia de Vidas Passadas (TVP), que está sendo chamada de Terapia Regressiva a Vivências Passadas (TRVP), porque nem sempre o que se detecta no paciente é da vida passada, mas desta existência.
b) Anúncios de Reencarnação futura.
Por revelações mediúnicas ou por via anímica ( percepção do próprio encarnado), às vezes são feitos anúncios de que um determinado espírito vaio reencarnar e são dados sinais preciosos para a sua identificação, quando do nascimento, o que se cumpre depois, conforme fora anunciado.

III – Argumentos religiosos

Nas tradições e na literatura religiosa de muitos povos e épocas, encontraremos o registro da ideia da reencarnação e ensinos a respeito. Mas como, aqui no Brasil, nosso povo está mais ligado as ideias religiosas da Bíblia, a ela recorreremos.
No Velho como no Novo Testamento, uma passagem em que Jesus a ensina teoricamente, outra em que indica estar reencarnado entre eles naquela época, alguém que no passado fora muito conhecido e respeitado, e uma terceira em que reafirma essa reencarnação.
1. O diálogo de Jesus com Nicodemos (João, cap 3 vs. 1 a 12.)
Neste diálogo, Jesus ensina teoricamente a reencarnação. NIcodemos pensou no mesmo corpo nascendo de novo ( o que não é possível). Jesus corrigiu esse erro: “o que é nascido da carne é carne”, o corpo segue a lei natural da decomposição da matéria; reafirmou que para “entrar no reino de Deus” (alcançar planos espirituais elevados) há necessidade de renascer tanto da água (símbolo da matéria) como do espírito; ou seja, reencarnar no mundo material mas também renovar-se intimamente, progredir.
Usou o ar (pneuma, símbolo do elemento espiritual) como comparação para explicar que sentimos a presença e manifestação do espírito reencarnado, através do seu novo corpo, mas não podemos identificar de onde veio ( o passado é providencialmente esquecido) nem apontar-lhe um futuro ( vai depender do seu livre-arbítrio).
2. Jesus afirma duas vezes que João Batista era Elias reencarnado.

a) Após dar seu testemunho sobre João Batista.
- Desde o tempo de João Batista até o presente, o reino dos céus é tomado pela força e são os que se esforçam que se apoderam dele; porque todos os profetas e a lei profetizaram até João.
E se quereis reconhecer, ele mesmo é Elias que estava para vir.
Ouça-o aquele que tiver ouvidos de ouvir. (Mateus, II, vs. 12/15.)
b) Na transfiguração.
Quando Jesus se transfigurou, apareceram ao seu lado, conversando com ele, Moisés e Elias, ambos espíritos há muito desencarnados.
As profecias diziam que Elias tinha de vir antes do Cristo...
Se Jesus era o Cristo, como é que Elias ainda estava no plano Espiritual?
Para esclarecerem essa dúvida, os discípulos perguntaram a Jesus:
- Não dizem os escribas ser preciso que antes volte Elias?
- É verdade que Elias há de vir e restabelecer todas as coisas; mas eu vos declaro que Elias já veio e eles não o reconheceram e o trataram como lhes aprouve. É assim que farão sofrer o Filho do Homem.
Então, os discípulos compreenderam que fora de João Batista que ele falara. (Mateus, 17 vs. 10/13; Marcos, 9 vs. 11/13.)

Reencarnando como João Batista, Elias voltara à Terra e fizera o seu papel de precursor do Cristo. Depois, fora decapitado e retornara ao mundo espiritual de onde agora se apresentava de novo, ao lado de Jesus e à vista dos seus discípulos, num fenômeno de materialização.

IV. Conclusões

Estudando racionalmente a teoria da reencarnação:
- encontramos argumentos ser ela uma lei divina a nos ensejar o progresso incessante (pois é porta sempre aberta aos nossos esforços evolutivos);
- verificamos que nela se evidenciam de modo sublime o poder, a justiça e a bondade de Deus.
“Nascer, Morrer, Renascer, ainda e progredir sempre, tal é a lei”. ( Frase que se encontra no dólmen do túmulo de Allan Kardec em Paris.)


Livros consultados:
De Allan Kardec:
- “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap IV.
- “O Livro dos Espíritos”, 2ª parte, cap IV.
Da Bíblia:
- “Novo Testamento”.
De Gabriel Delanne:
- “A Reencarnação”.
De Torres Pastorino:
- “A Sabedoria do Evangelho”, 3º e 4º volumes.


Extraído do Livro Iniciação ao Espiritismo.

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